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quinta-feira, 4 de agosto de 2011

DESAFIOS DA FÉ CRISTÃ



Sem dúvida, vivemos tempos conturbados. A falência dos padrões do passado e a ineficácia das soluções tradicionais, ocasionadas pelas rápidas e sucessivas transformações sócio-culturais, fazem-nos sentir pouco à vontade na sociedade em que vivemos. Para agravar a situação, deparamo-nos, dia após dia, com múltiplas e desconcertantes leituras da realidade, que nos dão a impressão de que somos estranhos em nossa própria terra. A crise é geral e atinge variados setores, como a família, a escola, a cultura, a política e a economia. Este contexto problemático atinge fortemente também o cristão.

De fato, esta sociedade, que podemos caracterizar como pluralista e secularizada, não mais proporciona ao cristão o respaldo social que ele usufruía no passado, quando os valores cristãos e a voz da Igreja eram acolhidos e respeitados, tendo as verdades da fé como referências básicas na vida dos cidadãos. Em nossos dias, a cultura venera a subjetividade, cultua a liberdade e absolutiza o direito individual. Cada um escreve sua autobiografia como melhor lhe parece. Nada mais é aceito somente porque vem transmitido do passado.

Ao reinado do indivíduo acrescenta-se a enorme quantidade de saber, inabordável por uma única pessoa. Com isso, temos acesso apenas a fragmentos da realidade, desconfiamos do que sabemos e do que acreditamos, tornamo-nos pragmáticos e nos consolamos através do consumo de objetos e sensações. A instabilidade cultural leva muitos de nossos contemporâneos a buscar saídas para o previsível mal-estar. Alguns cedem à tentação fundamentalista, entregando sua liberdade a gurus em busca das ansiadas certezas. Outros procuram refúgio em sentimentos intensos, aliando-se a alguma das modalidades dos movimentos pentecostais. Outros, enfim, caminham na direção de crenças orientais, onde julgam encontrar luz e sentido.

O traço marcante, nestas tentativas, é a perspectiva de auto-ajuda que as domina. De fato, elas estão centradas no próprio indivíduo, que as utiliza para seu próprio conforto espiritual ou sua paz interior. Esta situação é agravada por um traço cultural dominante nos dias atuais: todos querem ser felizes já, todos buscam a auto-realização plena nesta vida, deixando para o segundo plano a vida eterna. Deste modo, silenciam a verdade cristã de que o Reino de Deus só se realizará plenamente para além da história, numa vida inserida em Deus.
Como vemos, o cenário atual constitui um sério desafio para o cristão. Todos nos sentimos um pouco sozinhos, constituindo uma minoria. Uma desvantagem? Teria sido melhor ter nascido em séculos anteriores? Não creio. Pois percebemos claramente que a fé é uma opção pessoal, uma aventura que corremos. É escolher construir a própria vida pelo modelo da existência de Jesus de Nazaré e é também um risco, que exige muita confiança em Deus, fundamento da nossa fé, consistência da nossa esperança. Mas não era assim no Antigo Testamento? A fé de Abraão, partindo para o desconhecido por confiar em Deus? A fé dos pobres e dos pequenos? A de Maria, acolhendo a interpelação de Deus, sem saber o que o futuro lhe reservaria?

Hoje, temos a oportunidade de viver a fé de modo mais autêntico do que as pessoas de alguns séculos atrás, que se amparavam em uma sociedade natural e culturalmente cristã. Uma sociedade pouco exigente de liberdade. Poucos acreditam, a não ser no que lhes convém acreditar. Para nós, cristãos, é a pessoa de Jesus Cristo, sua história, suas palavras e ações, que fundamentam nossa fé. O modo como Jesus viveu sua existência permanece fascinante e atraente através dos séculos. Ao confessá-lo como Filho de Deus e Salvador da humanidade, ao procurar concretizar, embora imperfeitamente, sua existência histórica na minha vida, experimento que minha opção é a certa, confirmando minha caminhada à medida em que a vivo, fornecendo luz e certeza à minha opção.

Numa época em que se acentua tanto a subjetividade e a liberdade, é importante que percebamos ser a fé cristã uma modalidade de realização da própria liberdade. Não a investimos em bens materiais, em satisfações pessoais, em busca de poder e de prestígio, em compromissos passageiros e superficiais. Investimos nossa liberdade em Jesus Cristo, em seus valores, em suas vivências, em seus ideais. Não temos uma atitude egocêntrica diante da vida, que nos empobreceria humanamente e nos condenaria à solidão.

Procuramos ter, como Jesus, o centro de nossa vida fora de nós, levando a sério o outro, sensibilizando-nos com seu sofrimento, sua indigência, sua carência. Viver para o outro certamente resume bem o ideal cristão. Parece uma perda, mas é um enorme ganho, como confirmam os que entram seriamente nesta aventura. Ser conscientemente cristão, em nossos dias, significa, sem dúvida, remar contra a corrente e se perceber como minoria na sociedade. Conseguimos realizar esta proeza porque a força de Deus, o Espírito Santo, anima-nos interiormente. Somos diferentes porque somos sal da terra e luz do mundo. 

Somos diferentes porque testemunhamos o Cristo vivo entre nossos contemporâneos.
( Autor Desconhecido)

 Meu Maior Medo


Meu maior medo é começar a escrever alguma coisa sem ter a certeza de conseguir terminá-la;


Meu maior medo é viver sozinho e não ter ninguém com quem desabafar;

Meu maior medo é almoçar sozinho, jantar sozinho e me esforçar em me manter ocupado para não provocar a compaixão dos outros;

Meu maior medo é ajudar as pessoas e depois ser achincalhado por elas;

Meu maior medo é desperdiçar espaço em uma cama de casal, sem acordar durante a chuva mais revolta, sem adormecer diante da chuva mais branda;

Meu maior medo é a necessidade de ligar a tevê enquanto tomo banho;

Meu maior medo é enfrentar um final de semana sozinho depois de ter trabalhado a semana inteira;

Meu maior medo é não conseguir acabar com uma cerveja sozinho;

Meu maior medo é a indecisão ao escolher um presente para mim;  

Meu maior medo é escutar uma música, entender a letra e faltar uma companhia para concordar comigo;

Meu maior medo é escrever o que eu penso, mas que não posso falar;

Meu maior medo é ficar velho só esperando a morte chegar;

Meu maior medo é pensar no que existiria se não existisse nada disso ao nosso redor...

Meu maior medo se transforma em fé, quando penso que Deus não deu o Seu único Filho na cruz em vão, e que a verdadeira vida começa quando esta termina...


terça-feira, 2 de agosto de 2011

TEMPOS DE INFÂNCIA




Quando era menino vivia na rua.
Que beleza! (imagino)
Brincava de pega-ladrão.
Brincava de roda  e jogo de botão.

Brincava de casinha,
seu mestre mandou
e pulava a amarelinha.

No barranco, surgiam estradinhas de carro,
que com as mãos eu fazia...
E me sujava de lama, de barro.

No campinho, a pelada pra briga mudava 
(e como apanhava!)
Minha mãe, na sacada, reprovando-me, olhava.
E pela mancada uma esfrega eu tomava...

E brincava...
Chicotim queimado é queimadim...
Como era boa a brincadeira,
a de pique-bandeira.

No trevo da rua,
bolinhas de gude na meia-lua.

Na praça da matriz,
descia no tobogã e ralava o nariz.

No início da ponte,
O papo  rolava...causos e piadas aos 
montes.

No fim do mato, esconde- esconde
e no barranco eu chiava.   
     
Antes de ser moço,
Joguei  muita finca e caí muito no poço...

Quando cresci
Plantei uma árvore e filhos colhi.

Passei a jogar bola
E dos brinquedos esqueci

Voltei a cantar
(sem viola)   
Pois um dia a perdi.

A inspiração retornou
E esse poema escrevi.

(Afonso Alves Ferreira)
“ Um tempo distante. Um tempo diferente.”

Depois de tanto tempo, o trem voltou a circular. E olhando pela janela as paisagens que rapidamente vão ficando para trás, é impossível não fazer nesse momento uma retrospectiva dos fatos acontecidos há muitos anos, que parecem tão longe de nós, no tempo! No entanto, não é apenas porque aconteceram há tanto tempo que parecem longe de nós. Esse tempo parece distante porque é um tempo muito diferente do nosso.
E lá vai o trem ...




No princípio e meados do século passado  a nossa terra se diferenciava muito do que é hoje: não possuíamos tantas indústrias nem prédios; o meio de transporte era o trem e ninguém rodava em automóvel; quase se desconheciam estradas de rodagem, porque havia carência de rodas. Nos sítios percorridos atualmente por automóveis deslocava-se o carro de boi, pesado e vagaroso, a charrete ou a carroça; o bar do Bio, que hoje é Búfalo Bill; 



o rádio não anunciava o encontro do MEC( Monlevade Esporte Clube) com o Valério, porque ainda nos faltavam o rádio, o MEC ( que também já não exite mais )e o Valério; existia o morro do Géo e o morro do cassino, que se tornou o morro do Rampa’s, sendo hoje apenas  um morro. Havia duas pontes de madeira que se transformaram em uma ponte de concreto armado e uma ponte pênsil; o lactário fabricava o mingau para as crianças, hoje compra-se o leite na padaria...
Como era diferente aquele tempo!


Os limites dos terreiros das casas não eram impostos por muros altos, e sim, pelo respeito à propriedade alheia. As crianças e adolescentes estudavam e engraxavam sapatos, capinavam lotes, levavam marmitas à Belgo, enceravam as casas das “madames", vendiam doces e salgados pelas ruas, enfim, elas trabalhavam para ajudar no sustento da família... hoje, elas são proibidas de trabalhar, mas também não querem estudar.




A vida era tão diferente!

Para nós já é difícil imaginar céu sem avião, casa  sem televisão. Imaginem  o que era não ter energia, aquela limonada geladinha para se refrescar no verão...Os homens daquele tempo, e as mulheres, destinadas a serem apenas a rainha do lar, namoravam como os jovens de todos os tempos...só que de acordo com as normas da época... e, muitas vezes, as praças eram o ponto romântico para o encontro; hoje ... não se fazem mais “praças” como antes...

Esse tempo tão longínquo e tão diferente do nosso parece ficar mais perto quando abrimos um livro de memórias ou quando nossos avós contam as histórias que ouviram de seus pais ou de seus antepassados.

Mesmo distante e diferente,  esse tempo está de alguma maneira presente em nosso tempo, como as vidas de nossos avós, e dos avós de nossos avós, estão de alguma forma presentes em nossas vidas.

Não podemos mudar o que aconteceu há tantos anos.  Mas, podemos conhecer esse tempo, tempo de trabalho, tempo de construção...




De uma coisa temos certeza: conhecer um tempo distante e diferente é sempre uma aventura fascinante, e pode ser também uma das formas de descobrir como construir, com as nossas vidas, um tempo melhor, um tempo diferente.

E ... lá vem o trem, correndo pelos trilhos da Monlevade de hoje, levando essa personagem de dois rostos chamada MONLEVADE. Talvez, seja possível ainda ouvir a voz de alguns meninos a gritar:  - Boiiieeeiro!

Talvez, não fossem necessárias tantas explicações... Os poetas conhecem a magia de dizer com poucas palavras porque sabem o segredo de fazer compreender com o coração. Por isso peço por empréstimo um verso de Cecília Meireles, poetisa nascida nesses tempos distantes e diferentes:




“ As coisas acontecidas mesmo longe,

ficam perto para sempre e em muitas vidas...”


Afonso Alves Ferreira